sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comida em volta ou no meio?

Hoje em dia eu entendo, mas antes era um mistério.
O que tinha de tão significante? Porque eu era obrigado a sentar na mesa pra comer com a família? Pra que tudo aquilo?
Mas a resposta é óbvia: a refeição é algo a ser apreciado. Nada de rádio e nem de televisão na hora da refeição, vovó não gostava. Mas venho de uma família italiana, silêncio não habita a casa. Todos falávamos e brincávamos. Assim eu conhecia mais minha família, aprendia a argumentar e interegir e meus avós podiam ter companhia por mais tempo.
Passar um tempo com quem o círculo social diminuído era um prazer (eu tomava sopa com meus avós quase todo dia). Foi assim que minha avó aprendeu a juntar a famíla: se não tem nada em comum, pelo menos tem bastante comida!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Costume e a Fartura

Sempre lembro que minha mãe contava algo curioso sobre minha vó: ela fazia carne assada todo domingo.
Minha vó Rosália era uma mulher com hábitos muito enraizados, como várias avós por aí. Ela não fazia a carne de qualquer jeito, gostava mesmo de fazer numa bacia de alumínio. Primeiro ela pegava a peça de carne, abria alguns buracos e enfiava cebola, cenoura e azeitona cortadas num caldo de vinagre com salsinha. Quando meu avô reclamava que ela gastava muito nesse almoço, ela dizia: “detesto miséria” e colocava mais um pouco e recheio na carne. Depois ela acrescentava banha na bacia e fritava todo o entorno da carne.
Só quero comentar que a banha era o símbolo da culinária na época, pois foi muito difícil para ela e outras mulheres aprenderem a cozinhar com o óleo, hoje comum.
Aí ela diminuia o fogo, acrescentava água aos poucos e “assava” a carne por horas, até ficar macia.
Ela gastava o que podia fazendo o almoço de domingo mesmo que isso significasse comer só arroz com feijão na segunda, mas “nada de miséria comigo” era o lema dela nessas horas.
Toda a industrialização fez com que tívessemos mais pressa e paramos com essas horas fazendo uma receita. Tudo dura menos, infelizmente. Noutros tempos a dedicação exclusiva à casa não era mal vista nem mal quista por ninguém, hoje já é difícil por razões econômicas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Iniciando

Este blog é uma homenagem a outras gerações que cozinharam antes de nós. Normalmente a mulher cozinhava e cuidava da casa e 60 anos depois da industrialização o homem e a mulher têm funções parecidas e mudou completamente o ritmo de vida.
O resgate de uma cultura que nos trouxe até hoje, a cozinha de nossas avós, é um bom motivo para escrever, então.
Obrigado à minha, Rosália, que vai contribuir muito, mesmo depois de falecida. E obrigado a todas que fizeram em seu tempo o que podiam fazer de melhor.
Meu compromisso é semanal e abordarei técnicas culinárias, receitas e pratos esquecidos no tempo. Assim como algumas etiquetas que não se usa mais.
Me divertirei com as diferenças do tempo de outras avós e suas experiências que divulgarei aqui também.
E deixarei tudo que o que for desse passado transparecer aqui.